domingo, 19 de janeiro de 2025

Por caminhos de El Cid

Luzinette Laporte de Carvalho* | Garanhuns, 18/11/1978

Isto eu herdei dos dois ramos paterno e materno: esta necessidade de conhecer/saber o nome de cada flor / planta / arbusto / árvore. E eis que conheço, agora, uma quantidade de árvores e flores das quais ouvira falar e jamais vira!

Pela estrada afora - Portugal e Espanha - uma bela flor amarela nos acompanha pelas margens. Pergunto ao guia: o nome da flor? - Maia. Ela nos acompanha, enchendo de luminosidade a viagem. - Depois, árvores esbeltas, esguias, elegantes. Folhagem rica, verde vivo, porém suave, quase verde-claro. São os choupos. - Os álamos também: lembram-nos, as folhas, as dos carvalhos. Estes, porém, são copados, enormes. E os pinheiros de toda espécie. (Há um verde-amarelo que é um encanto). Os ciprestes. Os salgueiros (ou chorões). Os goivos (flores amarelas, tal a "maia").

Na terra de "El Cid". - "Castilla la vieja": Burgos: "Cabeza de Castilla", os salgueiros debruçados - imensos, sobre o rio... (Lições de espanhol: o encanto e o amor pela língua. "Seus pais sabem espanhol? E como V. escreve e tem estilo nesta língua?" A professora de espanhol desconfiada. Ela esquecia que  o(a) adolescente apaixonado(a) identifica-se com o objeto (ou sujeito) de sua paixão. - O mesmo ocorria com o inglês: Shakespeare / Longfellow / Milton / irmãos Bronte / Maugham / Chersterton... - que mistura fazia aquela adolescência faminta / sedenta de saber: "ser mais"...).

Continua, a paisagem, a solicitar o envolvimento de todo o ser: as pedras, a vegetação pobre lembram o agreste brasileiro. Mas... aquele castelo medieval imenso, plantado no cimo da colina fala de um povo antigo que lutou e conquistou o direito de ser ele mesmo. E aquelas antigas mesquitas cujas cúpulas estão encimadas pela Cruz do Cristo, falam do martírio de tantos que, com seu sangue, reconquistaram o direito à sua fé, ao seu  Deus e à Mãe de seu Deus.

Espanha passional, violenta, de beleza ora áspera, ora florida, cantando ao mundo suas glórias na dignidade nobre de uma pobreza que tem brasões - como dizem os franceses, num reconhecer respeitoso e admirativo daquilo que é Espanha -.

Continuam a se suceder as imagens. Pirineus Espanhóis: as neves eternas vistas pela primeira vez em Jaca (pronuncia-se: rraca). O frio queima a pele e aquece o ser. O vinho generoso - fino/leve/seco/róseo-dourado - ajuda a suportar melhor aquelas altitudes desconhecidas.

A língua é espanhola. O povo é espanhol. Mas há uma integração muito forte de costumes franceses. Vários ônibus-excursões - cheios de adolescente e crianças francesas. Como as crianças de toda parte do mundo, elas acenam adeuses e sorrisos.

Flores... Flores... Flores... Ou melhor, rosas... Rosas cheias de colorido e beleza. Uma dona-de-casa resplende de vaidade: alguém solicita licença para uma fotografia no seu roseiral. Espanha. Só isto? Ah! meu Deus! Quien supiera decirlo!

*Professora, escritora e jornalista.

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