sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

A fé move montanhas


João Marques* | Garanhuns, 29/07/1994

No sábado à tarde, tinham caído, em Júpiter, gigantescas rochas, causando enormes explosões. Chamas quilométricas incendiaram o espaço, chegando a refletirem brilho nas longínquas lentes de nossos cientistas. Formidável. Como ensinou o professor de português: ao que podemos chamar de "formidável". Meus olhos ficariam encantados, se me encontrasse perto. O som imenso, a luz imensa. No sábado à tarde...

No domingo, na tarde chuvosa de Garanhuns, o Brasil também explodiu. Um grito gigante, continental. Tetra! (Formidável, diríamos, já que para a Itália, como em Júpiter, não foi bom). Ouvi o grito, também, na garganta de uma criança: "Treta". Qualquer coisa ou como fosse o grito, Tetra, tetra, atleta, Brasil, et-cetera. A minha voz não gritou, o sentimento sim. Os olhos ante a luz, brilharam com o ardor de Júpiter e choraram à constante chuva de Garanhuns. Não escondo, chorei também com a Itália, nossa terra irmã. Chorei, com Júpiter, nosso planeta da mesma família. Entre a dor e a alegria, o meu sentimento foi mais universal: pelos que vencem, pelos que perdem e pelo que se transforma. Pensei, festivo, no meu canto da sala, coisas assim... por exemplo, que um chute mais forte que do jogador Branco acertou montanhas maiores que a bola da Copa do Mundo e fez gol, ao atravessar fronteiras e acertar o solo do planeta. Pensamento assim: que o universo dos astros é um jogo de futebol, uma grande copa do mundo. Como a bola, tudo gira, tudo avança, e vai arrancando gritos, de dor e de alegria. O objetivo, porém, é sempre a vitória.

O povo está feliz. O Brasil ganhou. Uma demonstração de civismo, porque todos acreditam na Pátria, apesar dos "parreiras". Uma explosão de alegria e de crença. O Brasil acordou, nesse impacto forte, de todas as montanhas que rolaram com a bola e acertaram o coração do povo. "A fé move montanhas". Gol! gritamos nós. Gol! ecoa nas cordilheiras imensas de Júpiter. Quem sabe, "brasileiros" daqui há milhares de anos, de outros verdes, não gritarão também gol! noutros campos da galáxia?

Mas, como dizia... O grande chute. Existe o goleador maior, que joga com muitas bolas ao mesmo tempo. E chuta para todos os lados, como em Júpiter agora. A nossa terra vai na direção do maior gol de todos os tempos. O grande tento da paz. A terra será uma instância de paz. Chorei, quando vi os jogadores de muitos países na Copa do Mundo, como irmãos, em paz. Os torcedores, vindos de muitos lugares distantes, falando línguas diversas, misturados nos estádios de futebol, fazendo a "ôla". Como crianças. Brincando, como crianças, num folguedo giratório... O Reino dos Céus é das crianças. Enfim, bem-aventurado Júpiter com as suas explosões. Bem-aventurados os povos que comemoram os resultados com as lágrimas ou com os sorrisos. Bem-aventurado o Brasil nos pés de Romário e nos olhos que também choraram a vitória. Viva Deus!

*João Marques dos Santos, natural de Garanhuns, onde sempre residiu, poeta, contista, cronista e compositor. Teve diversas funções nas atividades culturais da cidade: foi Presidente da Academia de Letras de Garanhuns, durante 18 anos, Diretor de Cultura do Município, foi presidente da Academia dos Amigos de Garanhuns - AMIGA. Compôs, letra e música, o Hino de Garanhuns. Manteve, desde 1995, o jornal de cultura O Século. Publicou quatro livros de poesia: Temas de Garanhuns, Partições do Silêncio, Messes do azul e Barro. João Marques desencarnou em 22 de setembro de 2024.

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